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terça-feira, janeiro 03, 2006

Escrever correctamente

Uma dúvida, de já há algum tempo, foi hoje devidamente esclarecida pelo portal Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Passo a explicar: a expressão "imprensa escrita", tão usada por jornais de referência e outros órgãos de comunicação social, não será um pleonasmo? Se sim, porquê tanta gente a usar o termo?
Transcrevo agora o texto enviado por e-mail:

Creio que as bases deste pleonasmo surgiram nos países anglo-saxónicos,onde o jornalismo da rádio e da televisão se desenvolveu mais depressa. Odicionário Oxford define imprensa (ou A Imprensa) como «os jornais,magazines, secções noticiosas da rádio e televisão e os jornalistas quetrabalham para eles»: portanto, imprensa radiofónica, imprensa televisiva eimprensa... escrita.

Temos, aqui, uma extensão de sentido capaz de legitimar o pleonasmojustamente apontado por Valdemar Cruz, jornalista com formação universitáriana área da linguística. No princípio do século, contudo, quando osignificado de imprensa era mais restrito do que hoje, também havia umaextensão de sentido não apenas em relação à época da composição manual comcaracteres de madeira (a prensa... o prelo...) mas igualmente em relação,por exemplo, ao ano de 1852 - quando, no Dicionário Fonseca, imprensa era sótipografia. Depois, o termo que inicialmente designava a técnica de imprimirpassou a abranger os indivíduos que, mercê desta tecnologia, podiam fazernotícias destinadas a muitos milhares de leitores.

Não obstante tal fundamentação, estão disponíveis outras expressões:jornalismo impresso, jornalismo radiofónico, jornalismo televisivo. Há quemdiga radiojornalismo e (menos) telejornalismo.

Imprensa escrita é pleonasmo agravado. Redundante pelo motivo queValdemar Cruz aponta (a imprensa é sempre escrita) e porque, empregando-seimprensa em sentido lato (o do dicionário Oxford), devemo-nos lembrar de queapenas se não escreve o jornalismo da rádio e televisão da transmissãodirecta de acontecimentos inesperados. E até o estilo destas transmissõesnão deixa de ser uma mistura de oralidade e dos clichés da escrita quepermitem a elaboração rápida das notícias.

Admitamo-lo, contudo: imprensa (em sentido lato) e imprensa escrita -apesar de aquele termo primar hoje pela ambiguidade e este pelaredundância - soam ambos melhor. São mais coloquiais. Contra a gramática deouvido e a lei do menor esforço, em qualquer língua, a gramática delaboratório pouco pode fazer.

J.C.B.

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